Há muito que te queria escrever.
Gostava que soubesses o que sinto por ti.
Tenho para ti palavras muito simples para um sentimento tão complexo.
Ficarias surpreendido com o sem número de vezes que penso em ti. Passo
horas no silêncio a reviver as tuas memorias. Gosto tanto de te sentir como de
sentir a tua falta. Devo-te tudo e cobardemente nunca tu disse.
Gostava que soubesses o que sinto por ti.
Se não fosses tu, Porto, o que seria de mim? Quem seria eu, sem a tua
inspiração, sem a tua força, sem a tua valentia? Preferia não viver a viver sem
ti. Gosto de mim quando te sinto por perto. Enches-me a alma. Fazes-me bem.
Desde há muito que sinto por ti uma atracção invisível, inquebrável, à prova de
fogo, de bala, de dor, de lágrimas, de tudo!
Gostava que soubesses o que sinto por ti.
Adoro a forma como me contas a tua história, arrepia-me a cadência com que
falas comigo. Quando me sento na tua igreja de São Francisco, perco-me na
grandiosidade com que me contas, um dos períodos mais fascinantes da tua
história, da nossa história. Nunca me canso de olhar para ti, pelo que foste,
pelo que és, e pelo que ainda vais ser.
Gostava que soubesses o que sinto por ti.
Sei que falas comigo, e eu ouço-te com atenção. Raros são os dias que não
sinto o teu toque, e por vezes queria-te só para mim. Nunca me esqueço dos teus
conselhos, naqueles dias em que tudo parecia perdido. Quantas já não foram as
lágrimas que me limpaste só porque existes? Lembraste? Agora diz-me, como é que
queres que não seja, hoje e sempre, apaixonado por ti? Lembro-me de tantas e
tantas vezes, em que te fitava por horas na praça do cubo, e pensava para mim,
naquele bom português que me ensinaste: “F####, és lindo e adoro estar dentro
de ti!”
Gostava que soubesses o que sinto por ti.
Se calhar não me levas a sério, ou ainda não percebeste porquê. Todas as
vezes que vou à tua Sé, pasmo-me como se fosse a primeira vez. É mesmo verdade
que tem 900 anos? Como é possível? Tão fresca, tão sólida, tão imponente, tão
bonita esta tua Sé! Dai espreito sempre para o rio, e fotografo-te outra vez
com os meus olhos, antes de começar a descer-te. E logo a seguir, mesmo
sabendo, parece que sou sempre surpreendido...com a magistral Igreja dos
Grilos. Talvez as vertigens da descida que a antecedem, ceguem as minhas
memórias e tornem este meu espanto sempre virgem. E daí, faço questão de me
perder na gravidade que me leva por ti, até ao rio. Todos os recantos me
encantam, as varandas, as flores à janela, a roupa a secar nos estendais, o
perfume da vida das tuas ruas, as tuas linhas brutas e caóticas, pouco pensadas
que te dão tanto charme e carácter.
Gostava que soubesses o que sinto por ti.
Quanto mais te conheço, mais te quero conhecer. Eu sei que não tens culpa
das vezes que te virei as costas, fui eu que te deixei, mas quero que saibas
que já sofri horrores de saudades tuas, tive momentos em que ao pensar em ti e
no quanto sentia a tua falta, quase parava de respirar. Espero que saibas, que
gosto muito de ver o mundo, mas nunca te traí, sempre foste tu, Porto, o dono
do meu coração. Já fui feliz sem ti, mas nunca fui tão feliz como contigo, e só
queria que estivesses lá para ver como eu me sinto quando estou a voltar no
avião depois de algum tempo sem te ver e sem ouvir a tua voz. O meu coração
quase arrebenta, quando sinto que estou perto de te voltar a tocar. Colo o
nariz à janela do avião, e tento registar todas as formas de como te vejo, e
choro! Choro literalmente baba e ranho, choro como um arrependido, choro de
saudades, choro ao antecipar o iminente abraço que te vou dar, choro porque
ainda estás ai, choro por gostar tanto de ti, choro por ser tão bom sentir a
tua falta.
Gostava que soubesses o que sinto por ti.
E o Adeus? Como me dói dizer-te adeus. Olho para ti, sem vergonha. Olho-te
nos olhos, e faço questão de observar com atenção o máximo de linhas do teu
corpo. Quero levar-te comigo, e tento compensar a falta que me vais fazer, as
saudades que sei que vou ter sugando-te o quanto posso. Sento-me a olhar para o
teu rio, e penso o que seria de mim se nunca mais te voltar a ver, faço-te
promessas de amor, que espero que tenhas ouvido, recolho pedaços de ti para
levar na minha mochila e faço questão que saibas que se não voltar, tudo o que
eu fiz é pelo meu amor por ti. Mas claro, tu sabes que apesar do difícil que é
escolher o que mais é que gosto em ti, é no teu mar, no teu oceano, que mais
gosto de perder o meu tempo, perder no tempo e perder no teu tempo. Adoro olhar
para o teu mar, fascina-me a forma como me inspira, a facilidade com que me
molda a personalidade. É ao teu mar, que peço conselhos, é ao teu mar que peço
tantas vezes o amparo para me manter de pé, e é ao teu mar que mais me custa
virar as costas quando te deixo. Parece que só volto a respirar quando vejo o
teu mar de novo. É o teu todo que me faz amar-te tanto, mas não te escondo, que
do teu corpo o que eu amo mais é esta massa de água que me hipnotiza.
Gostava que soubesses o que sinto por ti.
E se eu te disser que ainda não te disse nada. E se eu te disser que quase
não comecei a fazer-te entender porque gosto tanto de ti. Porque me falta
dizer-te qual é a tua pedra mais preciosa. Adoro a tua história, o teu centro,
o teu peixe, o teu recorte sinuoso, da tua vista da Serra do Pilar, da forma
como o teu rio chega ao teu mar e deste monstro musculado que é o teu Oceano
Atlântico. Mas nada disto se compara ao quanto eu gosto da tua gente. Adoro a
forma como moldaste o teu povo, a beleza da sua personalidade. Bonitas por fora
há outras cidades no mundo, embora nenhuma chegue aos teus pés. Mas o que tu
conseguiste fazer ao longo de toda a tua história, da pessoa que te habita,
torna-te único, impar, imbatível e incomparável. Adoro sentir a tua gente, é
mágica a simplicidade do seu puro sangue. Este sangue azul que ferve em pouca
água, que vai sempre atrás das emoções, que não se esconde, que se orgulha do
que é, e que transborda orgulho em ti. Este teu povo, de pura raça é o melhor
que tu tens, é a tua faceta mais difícil de descobrir, mas de longe a mais
bonita. Gente boa, gente nobre, gente que dava a vida para defender a tua
honra. Pessoas que sem que tu saibas, tudo fazem para que tenhas orgulho nelas.
Genuinamente fortes, cheias de vida, cheias da tua vida. Que bonita é esta tua
gente. Orgulha-te muito disso, Porto! Não há alma como a alma das tuas gentes.
Gostava que soubesses o que sinto por ti. Gostava que soubesses que te amo,
que te adoro, que não sei viver sem ti. Gostava que soubesses que dava a vida
por ti, porque me deste tudo o que eu tenho. Gostava que soubesses que tudo o
que queria era ser como tu.
Por todas estas palavras e por muito mais....
Gostava que soubesses o que sinto por ti..... PORTO!
O Porto é um local belo e sem igual... posso viajar seja para onde for, mas voltar ao Porto não tem comparação! :)
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