Aqui todas as histórias: Textos sobre a RDCongo - 2009
Também conhecido como Ex-Zaire ou Congo-Kinshasa ou Congo-Belga.
Há algo
português em quase todos os países Africanos. O nome Zaire veio dos portugueses
que mal pronunciavam “Nzere”, que quer dizer rio. Rio este que é a espinha
dorsal do território, e é pleno de vida em toda a sua extensão, sendo que é o
segundo com mais água do mundo e o mais profundo de todos os rios.
Foi também
com o reino do Congo que os portugueses começaram todo o seu gigante e desumano
tráfico de escravos de África para as Américas (séc. XV).
A RDC é o
segundo maior país de África (depois da Argélia), mas o maior da África negra e
tem tido uma história marcada por atrocidades, com cerca de 80 milhões de
pessoas é o 16º mais populoso do mundo, e o 1º entre os países francófonos.
Ocupa o 10º lugar entre os países menos desenvolvidos.
Durante
décadas gerido como propriedade privada do rei Leopoldo da Bélgica, que também
deixou a sua marca de crueldade, exploração e total desumanidade, pela
quantidade de gente que matou e mutilou apenas para levar para a Europa todas
as riquezas que conseguia, principalmente o caucho para a borracha.
Em 1960 a
RDC torna-se independente e o irreverente e revolucionário Patrice Mbumba
torna-se o Primeiro Ministro eleito, mas bem cedo é assassinado pela mão dos
Americanos e dos Belgas por ter ligações à União Soviética, para dar lugar a
Mobutu.
Mobutu
(1965-97) é um bom exemplo do pior que um ditador Africano pode ser:
extravagante, ganancioso, centrado na sua imagem, corrupto e desprovido de
interesse em geral pelo povo que representa.
O momento
em que o Congo fez correr mais tinta pelo mundo, foi quando em 1974 promoveu
aquele que é visto como o maior evento desportivo do século XX, o “The Rumble
in the Jungle”, que pôs frente a frente num ringue de Boxe em Kinshasa, George
Foreman e o lendário Muhammad Ali, que aí reconquistou o mundo.
Em 1994 o
genocídio do Ruanda, em 3 meses matou 1 milhão de Tutsis. Quando a comunidade
internacional perseguiu os Hutus culpados pela chacina, estes fugiram para as
montanhas indomáveis do leste do Congo.
Em 1996, o
Ruanda decidiu invadir o Congo com o apoio do Uganda para derrubar Mobutu, que
fugiu para exílio em 1997, na chamada 1a guerra do Congo.
Em 1998 o
pequeno Ruanda volta a liderar uma invasão ao gigante Congo, e dado o
envolvimento de 9 países africanos, esta fica conhecida como a Guerra Mundial
Africana, que oficialmente termina em 2003, mas infelizmente sabemos que dura
até hoje.
Hoje
chamamos-lhe a Guerra do Leste do Congo ou Conflito do Kivu, que é uma mistura
ainda das facções Tutsi e Hutus do Ruanda que estenderam as suas matanças para
o Congo, o LRA de Joseph Kony do Uganda, de um Exército Congolês incapaz,
vários grupos armados com agendas regionais e as Forças de Paz das Nações
Unidas, que aqui abriram uma excepção ao tomar um dos lados (o do exército
Congolês) ainda que sem grande sucesso.
Ouro,
Diamantes e Cobre, mas acima de tudo os minerais raros Coltano e Cassiterite
essenciais para telemóveis, computadores, etc. alimentam este conflito há
décadas.
Talvez o
Congo seja grande demais para ser governado, pela sua capital Kinshasa que fica
demasiado longe de demasiados pontos do país. Em particular do leste do Congo
onde o conflito se desenrola desde pelo menos 1994, com mais de 5 milhões de
mortos, sem fim à vista.
Aqui todas as histórias: Textos sobre a RDCongo - 2009
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