Acordei num Sábado, ressacado e chateado com a noite anterior e com a vida
em geral. Era tarde de mais para me sentir saudável, e demasiado cedo para não
sair de casa... Era o momento para assumir algumas rotinas, para não perder o
norte da vida. Tomo um banho e visto uma roupa qualquer.... Tenho um plano, é
dizer a mim próprio que “está tudo bem” e refazer esse plano, a cada meia hora.
Não sei bem o que fiz ontem, mas hoje vou fazer
melhor. Entro no café de sempre, abro o jornal, para me distrair com as letras
grandes, enquanto tento acordar para a vida, ainda demasiado intoxicado para
fumar um cigarro. A funcionar por puro instinto, ao passar os olhos na chave do
Euromilhões, meto a mão ao bolso de trás, e alcanço o papel do dito jogo que
cria excêntricos, com a ponta dos dedos da mão, que entretanto ficou cheio de
tabaco e pedaços de mortalhas....
Não! Não posso acreditar! Arrebento por dentro,
mas não me desfaço. Aguento a cara séria enquanto sinto a energia do meu corpo
a multiplicar-se de uma forma exponencial e a transbordar por todos os poros do
meu corpo. Fujo do café para refazer o meu plano. Não “está tudo bem”, está
tudo inacreditável e espectacularmente bem!
Ora bem, o meu plano: comprar aquele carro que não
anda, desliza ou se calhar compro três. Vou comprar aquele palácio em cima do
mar, e dar festas todos os dias, cheio de amigos e aviões de mulheres de todos
os países eslavos que me lembrar do nome. Comprar um jacto e mergulhar em todas
as ilhas do planeta. Nunca mais vou trabalhar, nem eu, nem os meus muitos
filhos que vou ter de várias mulheres.
Desaceloro as ideias, e olho para o papel. Será
isto que me vai fazer feliz? Qual o valor de um carro que nos caiu nas mãos sem
esforço? De que vale o dinheiro, que não representa o nosso suor? Que amores
são esses comprados á medida, alimentados a dinheiro sem história?
Foi preciso estar tão perto de tudo o que achava
que queria, para saber que não era aquilo. Nunca vi o meu plano de vida tão
claro. Rasgo o papel, e tomo a decisão de ir à luta, com a certeza que a
felicidade é o caminho e nunca o destino final.
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