Foi assim que sempre
reflecti, sobre o pouco ou nada que sabia sobre a RCA (Republica
Centro-Africana). Depois de começar a trabalhar para os MSF (Médicos Sem
Fronteiras), em 2009, a tentação de “seguir” todos os locais do planeta, onde
os MSF dedicam os seus esforços, levou-me a também ir estando atento ao que se
ia passando na RCA. Acho que é um vício, como outro qualquer tentar compreender
o mundo. Lembro-me bem de seguir atentamente os terríveis conflitos no inicio
de 2013...as imagens dos refugiados e deslocados à volta do aeroporto em
desespero eram (e são) impressionantes...
Mais uma história bem
africana. Mais um pedaço de terra usado e abusado por um colonizador europeu.
Mais uma história de independência a muito custo, mais uma história de um líder
louco e criminoso, mais uma história de múltiplos golpes de estado sustentados
na ambição pelo poder... Mais uma história de toda a população de um pais,
feita refém e exposta a níveis de sofrimento e necessidades humanitárias
inimagináveis.
A RCA já há muito que compartilha
a liderança dos piores nos índices de desenvolvimento, de pobreza, de
mortalidade, e de tudo mais que um dos países mais pobres do mundo tem
“direito”. E os conflitos dos últimos anos, conseguiram fazer aquilo que
parecia não ser possível, empurrar a RCA para uma fossa ainda maior... cavar mais
fundo, o fundo do poço! O país além de destroçado ficou dividido entre
interesses, e as cidades transformadas em campos de batalha, e a sua bonita
capital Bangui, poderia inspirar os mais fantásticos jogos de consola de guerra
urbana!
É apenas mais um pedaço
de terra no meio de África, enorme pedaço por sinal, rodeado por questões, não
menos problemáticas; Congo, Sul do Sudão, LRA (John Kony) e uma enorme pressão
do Islão radical/armado.
Um país bonito, belas
florestas, belas paisagens, belos parques naturais, mas claro que deixo para o
fim, o mais especial, a pérola do continente; a gente.
Há muito que a alma negra
conquistou o meu coração, e uma vez mais dei por mim a aprender muito mais do
que ambicionei ensinar...
A resiliência, a vontade
de reconstruir, quando tudo parece perdido... a bondade e o sentido de
partilha, a alegria que transborda a cada sorriso, o ritmo, e a música.... leva-me
a dizer com muito orgulho que para mim, já não é um pedaço de terra no meio de
África.... é um pais, um povo, uma cultura, que eu levarei comigo no coração, com
muito orgulho para todo sempre!
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